Espetáculo que ficou em cartaz entre 2010 a 2014 em Ibotirama.
As lendas do Velho Chico
Num passado distante
Do Velho Chico beirais
Muitas aldeias, vilas
Nos povoados tais
Era a crença do povo
Isso contava meus pais
Livusia na gameleira
Assombra alma penada
Rasga mortalha que via
Acauã dando risada
O medo do homem vivo
Isto é causo e mais nada
Sinopse
As Lendas do Velho Chico, é um trabalho de pesquisa realizado por Orlamara Andrade em quatro cidades no território velho chico - Ibotirama, Paratinga, Muquem de São Francisco e Morpará. Orlamara Andrade, Gilberto Morais, Joilsom Melo e a Cia. de Teatro Mistura foram convidados entre 2012 a 2013 para participar do Projeto Redemoninho Cultural: Circulando com a Cultura Popular da Associação Mãos dadas do Alto do Fundão que só aconteceu durante três meses.
A Cia de Teatro Mistura, utilizou como base a pesquisa de Orlamara Andrade e construiu as etapas de criação do espetáculo As Lendas do Velho Chico, assumindo com o trabalho e as despesas de figurinos, cenários, material gráfico. Além de envolver outras linguagens artísticas como músicas, áudio visual, equipamentos de circo, literatura de cordel, poesias e o próprio teatro. Este trabalho é voltado para a valorização da cultura ribeirinha as margens do Rio São Francisco, contando lendas, causos e contos. É um marco divisor de água para a Cia Teatral Mistura, por que todo espetáculo passou por um processo de criação e produção da sua equipe, dedicando-se a cada detalhe da pesquisa, poesias, músicas, vídeos, figurinos um achado que transformou o fazer teatral da trupe e consequentemente da produção teatral de Ibotirama. Fazíamos um teatro clássico, com textos reflexivos, informativos e dramáticos. Internamente o grupo pedia mais, então decidimos irmos em busca de um referencial para o grupo, estudamos vários textos, fizemos várias experiências. Esta ideia caiu em nossas mãos, imediatamente a literatura de cordel e a cotação de nossa própria história contagiou todo o grupo, desde a leitura do texto a identificação foi total, a construção dos personagens, o figurino , as marcações, tudo foi nos aproximando da cultura popular. A palavra rimada do cordel, a fala ritmada, a dinâmica do verso, a leveza e a música entraram em nossas vidas. Hoje a identidade do grupo é a literatura de cordel e a cultura popular.
Junto com a literatura de cordel veio a comédia e a busca do aprimoramento, da compreensão estética, da fé cênica, da evolução da interpretação, do crescimento profissional. Tudo isso transformou-nos, conduziu-nos por muitos e variados caminhos. Novos textos, novas plateias, novas experiências e assim a Cia de Teatro Mistura vai se firmando no cenário nordestino, muito mais comprometida com a arte e a Cultura Regional.
EQUIPE TÉCNICA
Gilberto Morais, Componentes da CTM e Neemias Gomes Ferreiras
AUTOR
Joilsom Melo e Rezinho Pereira
POESIAS
Gilberto Morais
DIREÇÃO, PRODUÇÃO, CENOGRAFIA, ILUMINAÇÃO
Gerry Cunha
DIREÇÃO MUSICAL
Jarbas Ési, Reginaldo Belo, Morão de Prinvitina, Marcelo e Gerri
TRILHA SONORA
Diego Quinteiro
DIRETOR
Lucimario Alves
FOTOGRAFIA
Joyce Farias
EDIÇÃO E PROJETÇÃO
Ananias SerraNegra
Danilo Banga
Diego Quinteiro
Franciele Nunes
Gerri Cunha
Gleza Souza
Keilane Nogueira
ELENCO
AS LENDAS DO VELHO CHICO É um espetáculo que retrata os contos, histórias, causos e lendas de Ibotirama e outras cidades ribeirinhas que são banhadas pelo Rio São Francisco. Para fortalecer a cultura popular nas margens do Rio, o texto tem poemas em literatura de Cordel. Negro D’ Água – A Mulher de Sete Metros e o Vapor Encantado.
Essas e muitas outras lendas, causos e histórias que passaram e passam de geração em geração, criadas ou não, são para ilustrar e enriquecer a importância do folclore e do meio ambiente nas regiões do vale do São Francisco, que agora serão contadas e ilustradas com a magia e o encanto que tem o teatro Ibotiramense cheio de musicas populares.
Apresentação das Lendas e Mitos
O Mito existe desde que o homem descobriu que ele não sabia tudo, que ele não dominava tudo, que ele não abarcava o todo. Que a vida não lhe pertencia. Ou seja, desde milhões de anos atrás.
Entre nós, habitantes da Terra Brasilis, os índios já cultivavam seus mais incríveis mitos e lendas, claro que não eram esses nomes!
Depois, os invasores europeus trouxeram a mitologia grega e os negros, como escravos, resistiram com suas mitologias africanas.
Mas, como o Brasil é um país-continente, em cada região desta imensa nação existem seus maravilhosos mitos e lendas próprios...
Portanto, tudo que a sabedoria popular coletivamente constrói e acredita, mesmo que não exista concretamente, chamamos de mitos ou lendas.
Da mitologia grega:
Zeus, Afrodite, hercules, prometeu, etc;
Da mitologia africana:
Iansã, Oxosi, Exu, Euá, Omolum, etc;
Da mitologia indígena:
O Boitatá, o Boto, o Curupira, Caipora, etc;
Renaildo Pereira (Reizinho)
Historiador e Professor
Pois, aqui, nas barrancas do Velho Chico também temos nossos mitos e lendas.
Porque, humildemente, o homem não sobrevive sem eles: um amigo o culto a lhe ajudar; um protetor infalível para lhe guiar; um deus piedoso para lhe guardar.
Assim como a música, a poesia, o teatro, a pintura... O que seria do mundo se elas não existissem...
Ainda hoje, o homem não conseguiu viver desconsiderando o Sagrado, fazendo vista grosso pro Desconhecido, ocultando o Misterioso, desprezando a “Força Estranha”, o “invisível”, porém sempre muito previsível...
E nas suas mais extensas margens este Ma(r)jestoso espalha seus Encantos, seus Encantamentos, seus Encantados, que alimentam a alma coletivo deste povo crente e cantador, como a água sagrada que mata a sede do seu dia a dia.
Sendo assim, o protetor do rio, é o Cumpadre D água. Dono da pesca e do pescador. O companheiro inseparável nas noites solitárias dos pescadores humildes desta Beira de Rio Profundo.
Para além da imaginação, temos também o Vapor, que de tanta vida encantou-se, que de tanta sorte, evaporou-se na sua própria chaminé, não ultrapassando a mágica Pedra Preta.
Sem contar as lindas Carrancas Feias das proas dos barcos, guardiã dos pescadores, que além de proteger os barcos dos maus espíritos, ainda afasta as tempestades fatais...
Mas, tudo isso era muito mais forte, tinha muita mais magia e mistério no tempo que a cidade vivia de frente pro “Margestoso” São Francisco.
...E QUEM DUVIDARÁ QUE A VIDA NÃO É A MAIS ENIGMÁTICA DE TODAS LENDAS E A MORTE O MAIOR DE TODOS OS NOSSOS MITOS...